JORNAL DA ALTEROSA
Brasil é o país campeão no consumo de crack
6 de setembro de 2012 —
O Brasil é o segundo maior consumidor mundial de cocaína e derivados, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e divulgado ontem. O estudo mostra que o país responde hoje por 20% do mercado mundial da droga.
Ao todo, mais de 6 milhões de brasileiros já usaram cocaína ou derivados ao longo da vida. No caso do crack, o país é o maior consumidor em potencial. Dois milhões fumaram crack, óxi ou merla alguma vez e 1 milhão experimentou uma dessas três drogas no último ano.
Nos rankings internacionais, as informações sobre cocaína e derivados geralmente aparecem combinadas, já que as substâncias vêm de uma pasta-base comum. Por isso, é difícil cravar que o Brasil seja o maior consumidor de crack do mundo hoje, embora os pesquisadores acreditem nisso. %u201CNenhum outro país tem 1 milhão de consumidores de crack%u201D, afirmou Laranjeira. Pelos dados do Lenad, um em cada 100 adultos brasileiros fumou crack no último ano. Já nos países desenvolvidos, tem se notado uma diminuição do uso de cocaína e derivados e um aumento das drogas sintéticas.
Nos últimos 12 meses, 2,6 milhões de adultos e 244 mil adolescentes brasileiros consumiram cocaína. Destes usuários constantes, 78% cheiraram, 5% fumaram derivados e 17% usaram as duas formas. Além disso, 27% fizeram uso diário ou acima de duas vezes por semana, e 14% admitiram já ter injetado a droga na veia.
Segundo os autores da pesquisa, coordenada pelo psiquiatra Ronaldo Laranjeira, essa é a primeira amostra representativa da população brasileira sobre o uso e a dependência de cocaína. Por isso, dá uma noção mais precisa de onde o país se encontra hoje entre os consumidores da droga.
O levantamento mostra, inclusive, uma mudança do perfil no Brasil no tráfico internacional. Antigamente, o país era usado como rota de passagem para a cocaína, que seguia para os EUA ou para a Europa. Hoje ela já para por aqui %u2013 até 60% da droga produzida na Bolívia tem o nosso território como destino.
O estudo entrevistou 4.607 pessoas com idade mínima de 14 anos nas cinco regiões do país, sobre o consumo de cocaína cheirada ou fumada. Foram feitas mais de 800 perguntas, que também avaliaram o uso de álcool, cigarro e outras drogas, como a maconha %u2013 cujos dados foram divulgados no início de agosto.
A presença da cocaína se mostrou três vezes maior nas áreas urbanas, com principal incidência no Sudeste %u2013 46% dos usuários, ou 1,4 milhão de pessoas. Depois vêm o Nordeste (27%), o Norte e o Centro-Oeste (10% cada) e o Sul (7%).
O contato com a droga começa cedo: quase metade (45%) dos usuários provou a substância pela primeira vez antes dos 18 anos. O consumo precoce aumenta o risco do uso de outras drogas ao longo da vida e da incidência de doenças psiquiátricas.
O estudo identificou ainda que quase metade (48%) dos consumidores de cocaína se tornou dependente e, destes, 30% disseram que pretendem parar nos próximos meses. Apenas 1% afirmou que já havia procurado algum tipo de tratamento.
Ainda entre os usuários de cocaína, 78% disseram que acham fácil conseguir a droga e 10% admitiram já ter vendido alguma parte do que tinham, ou seja, fazem tráfico.
A pesquisa aponta que 70% dos usuários de cocaína também consomem maconha e 41% dos fumantes de maconha aspiram ou fumam cocaína.
Outros fatores que contribuem para o uso de drogas no país são a melhoria das condições sociais e o baixo preço dos produtos, pelo menos cinco vezes menor que no exterior. Os pesquisadores dizem que é difícil chegar a um número aproximado de usuários de drogas no Brasil, e que ele deve ser bem maior.


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6 de setembro de 2012